domingo, 23 de novembro de 2008

O boteco é aqui

Antes de mais nada: jogue a primeira pedra aquele cidadão que jamais palpitou sobre qualquer assunto que seja. Qualquer um mesmo. Não importa o teor da prosa. O palpite é aquela famigerada arte de meter o bedelho – no caso, a opinião – sobre qualquer coisa que por ventura pipoque numa conversa.

Não há um tipo específico. Pode ser de natureza sorrateira, que se furte por entre a prosa alheia e ali soca uma opinião qualquer. Ou mesmo um que participa ativamente do bate-papo e não pensa duas vezes antes de premiar os ouvintes com alguma frase – geralmente surpreendente, não raro pelo elevado patamar de baboseira. Ainda que não seja possível identificar com precisão o palpiteiro, pode-se ao menos delinear algo que é comum a todos: são expert naquilo que chamam de sabedoria popular. Achismo, se preferir.

Não é ofensa. Calma lá com o andor. Ser um exímio achista é assumir a mais autêntica filosofia de botequim como uma verdade descompromissada do mundo. Não se trata de arrogância ou petulância. O achista é sobretudo um perseverante. Um indivíduo cuja ótica muito pessoal do mundo a torna uma verdade, ainda que tão particular. E, sob este aspecto, o achista é um humilde. Ao presumir outras verdades extingue uma visão preconceituosa e totalizadora do mundo, mesmo que ocasionalmente as reduza em pequenas e adoráveis bobagens.

Aqui abre-se um espaço para a discussão dessas pequenas bobagens do mundo. As verdades cotidianas que cada um cria ao próprio gosto e que, de certa maneira, tornam o mundo mais rico. A partir deste texto, Victor Hugo Lopes e Renata Nascimento vão emendar uma série de curtas curtidas em doses leves ou mesmo ácidas. Portanto, seja bem vindo a este boteco virtual. Não esquente se algo aqui lhe for desconfortável ou mesmo indigesta – ou bonitinha e poética, sabe-se lá. Vida de achista é assim mesmo.

2 comentários:

  1. Renata, procurei mas não achei sua escrita sobre a chuva. Abraço!

    Francisco, colega de TREGO, 136ª ZECAP

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