quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Em tempos de iPod, quem tem rádio-relógio é rei


Antes de tudo, aviso: não tenho “tecnofobia”. Pelo contrário, adoro Informática e gadgets interessantes.
Acontece que os MP3 players e aparelhinhos afins tiraram parte da emoção de ouvir música. Você entra no ônibus, e, para não ter de escutar aqueles laxantes sonoros entoados por duplas sertanejas, saca da bolsa ou do bolso seu tocador de MP3. E quando, na ante-sala do consultório médico, você já antevê os 54 minutos e 47 segundos sentado antes de adentrar a sala do Dr. Sou-Muito-Importante-E-Os-Interessados-Que-Mofem-Esperando? Idem.
Tudo isso muito fácil, não é? Basta ligar o aparelho, buscar
Elephant Gun (olha só, gente, Capitu é minha amiga de infância!), e pronto. Ah, seu espírito está mais para London Calling? Vá até o “T” – The Beltranos, The ..., The ..., (aperta mais uma vez), The Clash. É o equivalente moderno do ato de fazer crochê. Com a (des)vantagem de podermos ficar completamente estáticos.
Nem vou entrar, aqui, na discussão de que iPods e congêneres estão fazendo o individualismo na sociedade contemporânea recrudescer, como pensam alguns. Aquela questão de que fulano põe os fones de ouvido e passa pelos outros sem dar bom dia. Não, eu me atenho apenas ao fato de que quase não existe mais o elemento surpresa, quando se ouve música.
Uma das coisas que mais me enternece é, numa madrugada de insônia qualquer, ligar o rádio ao acaso e ouvir aquela música maravilhosa, que estava guardada em alguma gavetinha do meu subconsciente. Entre escutar uma canção assim e escolhê-la, deliberadamente, no MP3 player, a primeira situação é muito mais deliciosa.
É mais ou menos a mesma diferença entre marcar um encontro com quem você gosta, na certeza de que tal pessoa irá, e encontrar ela por aí, inusitadamente.
OK, tanto nesse caso como no da música, em ambas as ocasiões o objetivo final é alcançado – a música é ouvida e o ser querido é visto.
Mas continuo pensando que aquele rádio-relógio sobre o criado-mudo, à esquerda da cama, já descorado, testemunha de meus despertares cheios de resmungos na época do colegial, é a melhor jukebox aleatória que já inventaram.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A tradicional festa de fim de ano na empresa em que você trabalha


Flashes:

- performances de air guitar;
- senhores surtando ao som de "YMCA";
- cumprimentar desconhecidos como se fossem velhos amigos;
- gente tratando o chefe como se estivesse diante do Dalai Lama ou do Barack Obama;
- mulheres comparando entre si quem está usando o vestido mais bonito;
- sorvete de creme com banana flambada como sobremesa (sempre).

E, como nem tudo está perdido:

- descobrir que o colega do departamento ao lado, com quem você troca palavras apenas esporadicamente - e por e-mail -, é gente finíssima e daria um ótimo amigo.

sábado, 13 de dezembro de 2008


Pessoal,


a Agência Central dos Correios em Goiânia (Praça Cívica) está promovendo esse ano, mais uma vez, um serviço muito interessante. Estão disponíveis cartinhas de crianças ao Papai Noel.

O conteúdo das cartas fica à vista das pessoas, que podem escolher uma ou mais delas para atender ao pedido de quem a escreveu. As cartas são categorizadas: "brinquedos", "material escolar", etc. Você adota a que quiser, informa ao funcionário dos Correios, e entrega o presente até 19/12, na mesma agência.

Em geral, as crianças são de bairros carentes. Às vezes, são pedidos tão singelos, que a gente passa a pensar duas vezes antes de reclamar de probleminhas que nos acontecem.

Vale a pena passar por lá.

domingo, 30 de novembro de 2008

E as mocinhas sumiram da janela

Eu sou de Jandaia. Pronto. Contei. Cresci numa corrutelinha que de parruda não tinha nada. Essa é a verdade. Ocorre que não aprendi ainda todos os códigos da cidade grande. Ainda me pego assuntando nas mocinhas que ficavam na janela nos meus tempos de menino - tá certo, não era bem assim, mas, como quem escreve esse post sou eu, a gente fica entendido. Era mais ou menos assim: a gente beirava as amigas da moça pela qual a gente tinha interesse e ia curiando até ela ceder um sorriso. Depois, era fazer a combinação para dar umas encastoadas atrás da igrejinha da praça.

A Renatinha tem razão na diversidade que habita o povo do interior e o da cidade. Mas eu peguei os bailinhos alumiados por lampião - que tinha de ficar ligado no mínimo para durar até o sol raiar - e as mocinhas de vestidinho até o joelho. Posso contar dessa vidinha roceira- que considero, sim, idílica -, da qual fico aqui garrado a macerar nas lembranças.

Então, uma campanha aqui se faz necessária: Voltem as mocinhas para a janela. Esse trem de paquerar por messenger é um saco. Vamos fazer um movimento na internet para que os namorados se chamem de benzinho e a corte seja mais sutil. Nada de escancarar. Sem romantismo besta. Só tentar resgatar uma certa ingenuidade nas relações que faz falta nessa aparência calculada que toma conta dos nossos dias. Vamos encasquetar de fazer serenata nas janelas e se deixar encantar pelo outro com suspiro; dançar a ciranda e prosear sobre as coisas simples da vida. Não acha que isso funciona melhor?

Ar fresco não purifica, poluição nem sempre degenera

Pegando carona no último post do Victor, digo que é ilusão ter uma visão idílica do interior.
As pessoas são iguais (e diferentes) em qualquer lugar. Umas são admiráveis, outras não.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vinho de igreja que nada

Dois homens armados e encapuzados invadiram uma paróquia no interior de São Paulo. Ataram mãos e pés de dois padres que ali estavam. Deram-lhes soníferos. Os bandidos levaram um Gol - o carro, gente - e 300 pilas em cascalho.

Eu juro que pensava que Boa Noite Cinderela era coisa de festinha em cidade grande. Ou vai que acabou o vinho da paróquia? Sei lá. Detalhe pitoresco: os ladrões ficaram com o anel de um dos padres. De prata. E ponto final.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Treta rápida

Cambada.

Tô com Into The Wild, disco solo do vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, nas escutas. Como isso provavelmente não tem nada a ver ou talvez nem seja do seu interesse, aceito a crítica antecipada. O lance é que essa treta é melhor do que kibe com ovo. Pelo menos, é o que acho, claro. Ah, para não faltar alguma besteirinha: Sabe o que aconteceu com o pintinho que não tinha ânus?

Foi peidar e explodiu. Simples assim.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Début

Sabe aquilo que muita gente costuma dizer, “você não pode passar pela vida sem plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho”? Bom, se for possível substituir a segunda dessas tarefas por escrever um blog, já estou cumprindo um terço do meu carma.

Eu e meu notável amigo Victor confabulamos e tomamos essa decisão. Aqui, nessa página, somos achistas, pois falamos o que pensamos sem a preocupação de dizer verdades absolutas e definitivas. Essas são as nossas verdades, mas pode ser que não sejam as suas. E tudo bem!

Ainda estou aprendendo a amansar esse alazão, então aguarde – com o tempo o blog vai ficando com um visual mais atraente. Enquanto isso, venha para cá e seja mais um psicólogo de botequim, mais um filósofo de pára-choque de caminhão. Bem-vindo!

domingo, 23 de novembro de 2008

O boteco é aqui

Antes de mais nada: jogue a primeira pedra aquele cidadão que jamais palpitou sobre qualquer assunto que seja. Qualquer um mesmo. Não importa o teor da prosa. O palpite é aquela famigerada arte de meter o bedelho – no caso, a opinião – sobre qualquer coisa que por ventura pipoque numa conversa.

Não há um tipo específico. Pode ser de natureza sorrateira, que se furte por entre a prosa alheia e ali soca uma opinião qualquer. Ou mesmo um que participa ativamente do bate-papo e não pensa duas vezes antes de premiar os ouvintes com alguma frase – geralmente surpreendente, não raro pelo elevado patamar de baboseira. Ainda que não seja possível identificar com precisão o palpiteiro, pode-se ao menos delinear algo que é comum a todos: são expert naquilo que chamam de sabedoria popular. Achismo, se preferir.

Não é ofensa. Calma lá com o andor. Ser um exímio achista é assumir a mais autêntica filosofia de botequim como uma verdade descompromissada do mundo. Não se trata de arrogância ou petulância. O achista é sobretudo um perseverante. Um indivíduo cuja ótica muito pessoal do mundo a torna uma verdade, ainda que tão particular. E, sob este aspecto, o achista é um humilde. Ao presumir outras verdades extingue uma visão preconceituosa e totalizadora do mundo, mesmo que ocasionalmente as reduza em pequenas e adoráveis bobagens.

Aqui abre-se um espaço para a discussão dessas pequenas bobagens do mundo. As verdades cotidianas que cada um cria ao próprio gosto e que, de certa maneira, tornam o mundo mais rico. A partir deste texto, Victor Hugo Lopes e Renata Nascimento vão emendar uma série de curtas curtidas em doses leves ou mesmo ácidas. Portanto, seja bem vindo a este boteco virtual. Não esquente se algo aqui lhe for desconfortável ou mesmo indigesta – ou bonitinha e poética, sabe-se lá. Vida de achista é assim mesmo.